
TRAJETO DE UM CORTEJO CULTURAL
a ideia
A proposta do Velório Poético foi idealizada pelo saudoso artista plástico e poeta visual Silvio Hansen (1956–2020), em saraus promovidos por integrantes dos movimentos Invenção de Poesia e Coletivo Oroboro, dos quais foi membro e colaborador. E a ideia se concretizou quando tomou a iniciativa de estabelecer uma celebração diferenciada para o Dia de Finados: a reflexão na qual o senso comum de uma saudade doída fosse contraposta a outra visão… que é a da superação de um estágio, ou passagem, de um existir precário a uma esfera transcendente do existir. Era firmado então um espaço itinerante das artes.
Em suas edições, ininterruptas desde 2007, apresenta uma peculiaridade que se tornaria características marcante do evento até a edição de 2018: o homenageado, o eleito "morto-vivo" que ilustraria os convites (em forma de santinho de falecimento), seria o anfitrião da edição, ressaltando que para ocupar esta posição eram condições: 1º Estar vivo, 2º Participar da vida cultural pernambucana e, por extensão, brasileira.
a história
Com um longo trajeto percorrido, desde a primeira edição na antiga Casa Funerária Braga (Santo Amaro, Recife, Pernambuco), passando pelo coração da capital pernambucana, onde em 2014 ocupou as instalações do bar Apolo 17 (Recife Antigo, Pernambuco), até se estabelecer, no ano seguinte, no calendário de eventos do Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães — MAMAM (Boa Vista, Recife, Pernambuco), onde vem executando e ampliando suas edições e diversificando as ações e seu público a cada ano.
Ter as realizações no MAMAM, um apoio concedido pela da Prefeitura da Cidade do Recife, por meio da presidência do museu, facilitou muito o acesso e ofereceu um toque artístico a mais, pois trata-se de um cartão postal da capital pernambucana.
a reconfiguração
O evento passou por sensíveis mudanças e se fortaleceu e agregando um público jovem que interage e é um apoiador essencial para sua viabilização, que se soma aos artistas e ativistas que prestigiam suas edições.
A proposta estabelece uma nova forma própria de produção cultural, uma ação que gira em torno da propagação do hábito da leitura convocando a público a participar e ser uma das atrações de cada evento, atuando assim na formação de novos leitores, o principal foco em suas edições. A execução tomou forma de um conglomerado de ações artísticas, contemplado música, performances, artes plásticas e poesia.
Parceiro da ação desde a edição de 2010, a BioDiverCidade Produções passou a assumir a produção/organização a partir de 2018, a edição que homenageou o idealizador da proposta, e se comprometeu em dar continuidade ao projeto.
Já na edição seguinte reconfigurou a estruturação da proposta, já buscando estratégicas formas de autogestão. Redefiniu o conceito dos homenageados, estabelecendo o início das edições MEMÓRIAS VIVAS, onde passaria a focar em ícones da História com atuação global: ativistas, pensadores, escritores, e todos que contribuíram em suas vidas para propagação de ideias, provocando debates e reflexões, deixando legado relevante e transformador.
Esta fase iniciou com FRANZ KAFKA, escritor e artista plástico. Nome de incontestável relevância na literatura mundial. O novo plano de ação ampliou a lente, facilitando a captação de apoiadores, parceiros, e ainda gerando uma campanha de merchandisig de sucesso na viabilização de custos operacionais do projeto, que continuou somando forças com os apoios, um avanço para a proposta que desde os primórdios vinha se mantendo apenas com doações e recursos próprios.
A estratégia começou a ser esboçada ainda em 2015, como solução proposta para a manutenção do evento, iniciando assim produção e venda de camisas e a abertura do evento com a participação de performance de artes plásticas na produção de camisas.
Na interrupção de eventos no modelo presencial, a edição de 2020, que fez homenagem a CLARICE LISPECTOR, se manteve por meio do hotsite da edição, via pela qual efetuou a distribuição de livros aos interessados, inclusive de outras regiões do país, mas a planejada edição online foi inviabilizada por conta das dificuldades da instável conexão de internet.
o convite
O Velório Poético, com mais de uma década de presença no cenário cultural, homenageia Cruz e Souza, poeta expoente do simbolismo que este ano completaria 160 anos.
Com a experiência vivida com a pandemia uma nova ação tomou forma e será agregada as edições do Velório Poético. O lançamento se dará na edição 2021 e contará com as obras de Cruz e Souza, que se encontram em domínio público.
Com a abertura do MAMAM e a retomada dos eventos presenciais, a edição trará novas propostas de ampliação para as atividades e interatividade do público, buscando consolidar, também, o espaço no mundo virtual.
Então fica o convite para este reencontro, após tantas mudanças no mundo... e perdas que todos nós sentimos, direta ou indiretamente. Contamos com você e com seu apoio quanto ao cumprimento de todas as normas de prevenção e combate a pandemia que ainda é uma realidade.